data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Gustavo Mansur (Palácio Piratini)
Ao acompanhar, desde 2009, a novela do Hospital Regional que, depois, virou série com várias e intermináveis maratonas, posso dizer, seguramente, que essa é uma obra com vários pais (legítimos) e duas mães. Nos idos de 2003, de forma bem resumida, o então governador Germano Rigotto (MDB) e o secretário de Saúde da época, Osmar Terra, anunciaram que Santa Maria teria um hospital regional e, ainda, com uma unidade da Rede Sarah.
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Porém, não se tinha um local para receber o empreendimento. Foi então que surgiu o abnegado médico-veterinário e professor da UFSM José Antônio Barão Schons (já falecido), que doou a área para a construção da unidade. Foi no governo de Yeda Crusius (PSDB) que as obras começaram e, de fato, tiveram a celeridade e fomos vendo ganhar forma o complexo hospitalar. Depois, então, no governo de Tarso Genro (PT), as obras começaram a diminuir o ritmo. Aconteceram atrasos nos repasses e foram dados prazos de entregas do empreendimento que não se concretizaram.
Na gestão de José Ivo Sartori (MDB), novos prazos e criou-se um impasse quanto à instituição que deveria fazer a gestão do empreendimento. Foi pela atuação técnica de João Gabardo dos Reis e, novamente, do então ministro Osmar Terra que se construiu a costura que possibilitou que o Regional viesse a ser administrado pelo Instituto de Cardiologia-Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC). Quando se avizinhava um pleito eleitoral, Sartori entregou às pressas o Regional com apenas dois ambulatórios e sem um leito sequer. Ou seja, foi inaugurado um postão.
Agora, em meio à pandemia, viu-se a necessidade de se fazer do Regional, de fato, um hospital.O que foi acelerado pelo governador Eduardo Leite (PSDB) que vinha sendo cobrado, diuturnamente, pelo prefeito Jorge Pozzobom (PSDB). Mas o mérito do Piratini está na secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, que colocou - ainda antes da Covid-19 -, o Regional como pauta prioritária da pasta.
A cada ligação da reportagem, já sabia que vinha cobrança. E, ao contrário de falas vazias e descompromissadas, Arita mantinha a pauta atualizada. E o empenho dela foi visto ontem, quando embargou a voz ao falar das aberturas dos leitos.
A fala sempre técnica deu lugar a um discurso realista e de quem sabia da real necessidade de abertura desses leitos.
PREFEITOS COBRADOS
Importante dizer, também, que os prefeitos Cezar Schirmer (MDB) e Jorge Pozzobom (PSDB) - gostemos ou não deles - sempre cobraram e, mais, foram cobrados para que o Regional saísse da condição de inoperante para um hospital útil à sociedade. O que veio, em parte, em 2018, pela articulação de Schirmer com o colega de partido Sartori, quando um ambulatório foi aberto. E por Pozzobom que, em 2010, era do governo Yeda e, desde então, envolveu-se diretamente nessa pauta. Sendo que o tucano elegeu-se, em 2016, prefeito de Santa Maria prometendo a abertura de 100% do Regional.
SEM PICADEIRO
Chamou atenção, ontem, o fato de as falas de Leite, Arita e de Pozzobom terem destacado a parceria com a sociedade civil, determinante à abertura de leitos. Sabedores do momento, que é sério e grave, não se fez do ato um picadeiro político.
DEPUTADOS PRESENTES E O VICE FOI BARRADO
A vinda do governador deu o que falar. O cerimonial do Piratini limitou o acesso ao auditório a um público de 30 pessoas em decorrência da pandemia. Deste número, oito lugares eram para a imprensa, mais a equipe do governo e 10 convidados. O Piratini acionou ainda os deputados de Santa Maria - Giuseppe Riesgo (Novo) e Valdeci Oliveira (PT).
Acontece que o vice-prefeito, Sergio Cechin (PP), que concorrerá ao pleito, foi impedido de entrar no auditório. A prefeitura disse à coluna que a lista de quem iria participar do ato foi feita conjuNtamente. Assim, diz o Executivo, "optou-se por priorizar as instituições da sociedade civil que ajudaram na abertura de leitos, sendo que muitos desses ficaram de fora".
Do lado de dentro, ao lado do prefeito e do governador, estavam o presidente da Assembleia, Ernani Polo, e o líder do governo Leite na Assembleia, Frederico Antunes. Detalhe: ambos do PP, o mesmo partido de Cechin.